Semana

07/02/2019 Nenhum comentário

As flores morreram na segunda. O sol se escondeu por trás das nuvens na terça. Na quarta, o sono só veio acompanhado pelo singelo aroma do shampoo de hortelã, no travesseiro. O céu chorou durante a quinta, assim como todos que chegaram a ver o seu sorriso. Plantou-se a mais bela flor, ao meio dia de sexta. No sábado, ao entardecer, caixas empilhadas guardavam uma vida inteira.  E domingo?  Não existia mais nada. Nada para fazer, ver ou sentir. Se foi o buquê, o sol, o cheiro no travesseiro, as lágrimas,  as caixas e você.  O vazio tão grande que tomou conta de tudo, tornou-se infinito.  Domingo alongou-se para sempre, como os finais felizes perseguem o imaginário infantil até a vida adulta. Mas como se bem sabe, alguns infinitos são maiores que outros, e logo o domingo foi engolido pela imensidão de uma nova semana. E na nova segunda não havia mais nada para morrer.

 
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