Odeio me sentir impotente. Como se meu corpo estivesse completamente paralisado, contudo eu permaneceria com a mente sã. Sem ninguém para ouvir minhas conjecturas, sem que eu possa ser dona da minha vida. A frustração domina meu ser como a ira cega alguém com cede de vingança.
Acho muitas vezes que ao crescer moldei meu caráter errado, com princípios na base da preguiça, do comodismo, além da vitimação do meu ser. Eu sou era vitima de todos erros cometidos por mim. Meu sofrimento, minha culpa era, na verdade, culpa de outra pessoa. Creio que percebi meu âmago passivo um pouco tarde, após algumas surras, apesar da minha pouca idade. E isso reflete na minha impotência, minha incapacidade de tomar decisões que influenciem fortemente na minha vida.
Eu deixei minha adolescência passasse por mim, oito anos, sendo uma boneca de porcelana a qual ninguém poderia brincar, tocar, apenas admirar. Criei a visão perfeita para outros, engraçada, inteligente, parcialmente bela. Mas se alguém chegasse perto demais veria as imperfeições, olhos moldados de tamanhos diferentes, lábios tortos e rachaduras na base do pescoço, escondidas pelo cabelo. Por isso, aprendi a repelir as pessoas que queriam se aproximar, aprendi a ter medo da visão do outro sobre meus defeitos, em vez de procurar um jeito de contorná-los, de me tornar uma pessoa melhor.
Eu me moldei,me criei, para ser vista e não tocada. Me criei de forma que eu tomasse poucas ações para não sentir assim o peso de conduzir a minha vida, deixando esse fardo para meus pais. Minha formação se baseia na preguiça, medo de seguir em frente e em remoer meus erros, procurando novos culpados, sem sair do lugar. No entanto, essa passividade tem data de validade, 05/09/2013.
Nessa data, apesar da relutância serei forçada a pegar as rédeas da minha vida. Querendo ou não esse sentimento de impotência, de não conseguir me livrar das amarras, as quais criei, será desfeito em algum momento, até essa data. Serei senhora das minhas ações e se eu procurar algum culpado não encontrarei ninguém além de mim mesma. Um novo mundo se abrirá diante de mim diante os fatos que se sucederão até o final do ano. Um fiapo de esperança cresce no meu peito, me lembro da saga de livros que me guiou durante meu torpor e sei que assim nos livros, no fim, tudo terminará bem.