-Já tentei de tudo. Já li, já estudei, já vi, até mesmo escrevi sobre aquilo, mas mesmo assim eu não consigo entender! -Ela bagunça o cabelo irritada e escondendo o rosto entre os joelhos. Ele apenas a olha com um vinco de preocupação.
-Entender o que?
-O que as pessoas chamam de amor. -Ela diz com amargura tentando, pela última vez,entender tal sentimento intrigante. Seu amigo apenas joga a cabeça pra trás e ri. Ela levanta a cabeça rapidamente para ver se os seus olhos viam o que havia seus ouvidos haviam capitado. Ele estava rindo. Rindo dela. A face da garota atinge uma cor avermelhada e seus olhos tornam-se ameaçadores-Por que você está rindo?
-Você é muito boba....
-Boba é um adjetivo muito maduro.. -Ela o interrompeu. Ele, por sua vez, apenas suspirou.
-É simples. Você já leu, estudou, viu e escreveu sobre o amor, mas nunca parou para sentir. - O garoto concluiu com um olhar carinhoso, mas o olhar feroz vindo dela o fez compreender que a garota não ia desistir tão cedo.
- E pra que sentir sendo que posso chegar uma conclusão racional? -Ela indagou fazendo gestos bruscos com as mãos. Um sinal claro que ela estava ficando cada vez mais irritada. O garoto apenas segurou o riso novamente.
-Amar e ser amado é algo que apenas é compreendido quando se sente e você nunca parou para refletir sobre seus sentimentos. -Ela abriu a boca para retrucar, mas seu amigo apenas colocou o dedo indicador sobre os lábios em sinal de que queria seu silêncio. Vendo que ela havia se calado ele continuou -É um sentimento irracional, você não tem qualquer controle sobre ele. Se você tentar entender racionalmente você nunca conseguirá chegar a lugar nenhum.
Ele parou para ver se ela havia entendido e apenas encontrou o olhar perdido da amiga. Ele se aproximou dela abraçando-a pelos ombros.
-Sabe, você vai saber quando estiver apaixonada por alguém quando não conseguir mais se controlar, seu humor vai mudar constantemente, seu coração vai bater tão rápido que talvez você ache que ele está querendo sair do seu peito, suas mãos vão ficar suadas e um simples pensamento nessa pessoa vai fazer você sorrir, capiche? - A garota balançou a cabeça em afirmação -Agora que você sabe alguns dos sintomas de estar amando alguém você, por favor, se levantar pra a gente comprar chocolate? Você 'tá precisando de endorfina!
Ela riu e se levantou e estendeu as mãos para levanta-lo.
-Você sempre lê meus pensamentos..-Disse impressionada- Eu estou clamando por um chocolate! -Ela disse -Obrigada pela conversa, mas eu vou ficar mais grata se você pagar o meu chocolate. -Ele colocou a mão no queixo e falou:
-Só se você me der um abraço. - Sem pensar muito a menina esticou os braços ficando nas pontas dos pés e abraçou o garoto.
Naquele minuto de silêncio sentiu o cheiro que ele exalava, algo parecido com chiclete de morango e amaciante de roupa. Ela sorriu ao lembrar da mania do amigo de nunca ficar sem chiclete desde pequeno e o quanto a mãe dele falava que ele ia ficar banguelo por isso. Ela reparou que seu coração estava batendo rápido como se estivesse correndo uma maratona. suas mãos estavam suadas mesmo ela não tendo feito nada para ficarem assim.
Ela o afastou e começou a andar rápido ele deu três passos largos para alcança-la.
-Está tudo bem? -Perguntou ao vê-la com a sua feição confusa. Ela o olhou com o coração ainda batendo rápido e sorriu, balançando a cabeça em afirmação.
Ela sorriu não porque tudo estava bem, mas sim, por talvez, somente talvez, ela estivesse começando a entender o que tanto queria.
Nana Barbosa
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