[Você pode ler este texto ao som de High -Young Rising Sons]
Hoje uma coisa aconteceu. Sim, uma coisa. Vaga. Imprecisa.Não muito tangível.Assim como a palavra.
Sabe o que aconteceu?
Eu estou consumida pela vontade de fugir.
Sim! Fugir!
A coisa (olha a palavrinha aí de novo) mais ridícula, juvenil e irresponsável o querer fugir, mas estou consumida por essa ânsia. Minha respiração está curta, devido o peso da normalidade contra o meu peito. Minha mente vacila a cada ação do cotidiano e da programação desprovida de emoção.
Olho para minha mala e sinto a urgência de jogar algumas mudas de roupa dentro dela sem ver o que estou enfiando ali. Enfiar minhas economias dentro da minha bolsa sem saber por quanto tempo vão durar. Pegar um mapa com o destino a lugar algum. Colocar meu violão nas costas para alguém que ficar no banco de trás se entreter com ele. Roubar o carro da minha mãe, enquanto ela estiver dormindo no maior estilo, Paper Towns. Liberar o instinto que me domina e ser guiada pela imprudência de não saber onde estarei no dia seguinte.
Minha vontade é, ao sair cantando pneus da garagem do meu prédio, ligar para alguns amigos e usar minha persuasão suuuper eficiente, para que eles entrem nessa onda comigo, e sem muito esforço alguns topam.
Nós fugimos de madrugada, quando a cidade dorme e o céu se exibe num inebriante azul petróleo, salpicado de estrelas, se fundindo ao breu da estrada, e não dá para notar onde um começa e o outro termina. Podemos dirigir em direção à Lua, Plutão ou Marte. Afinal, nessa estrada nós podemos voar.
Assim como a minha imaginação.
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