Meu olhar sempre
voltado aos céus, portal do paraíso escondido pelas nuvens e do conhecimento
dos leigos, para nunca parar de sonhar, sem me abater, sem tirar em mente o meu
objetivo. Mas, o barulho desse maldito planeta me atordoa me deixa surda
impossibilitando ouvir a melodia das harpas. Desequilibra-me, fazendo que eu
caía ao meus pés. Me cega dia após dia embaralhando a vista do
paraíso.
Tentei lançar-me de prédios para voar, mas apenas consegui
estatelar-me no frio e duro concreto. A cama elástica iludiu-me, ao
proporcionar uma breve sensação de voo apenas para acorrentar-me ao chão
novamente. O avião me fez chegar ao céu apenas para uma leve visita ao
meu lar sem poder cumprimentar nada nem ninguém. Nem mesmo tocar as nuvens
fofas e brancas, sem poder saudar meu criador, já que estava dentro de uma
capsula voadora.
Continuei a andar com a
cabeça voltada para o alto, para as alturas, sem me importar com mundo em que
estava. Meu coração se contorcia, diminuía a cada segundo por nunca conseguir
ir retornar para casa. A visão ainda turva, ainda surda, ainda desequilibrada.
Senti algo chocar-se contra meu corpo então, pela primeira vez, olhei para
frente.
O sorriso carinhoso me deu
boas-vindas, o olhar preocupado vez que eu sentisse algo estranho no meu
estômago, à voz que fez que tudo voltasse a ser nítido.
-Oi, anjo – Ele disse, abrindo ainda mais o sorriso. Sorri de
volta e olhei pela a selva de concreto a qual me encontrava; longos prédios
impedindo uma visão nítida do horizonte, barulho de tudo quanto é lado, cor,muita cor. Não era tão assombroso quanto pensava.
-Está tudo bem? -Sua voz
carregada de preocupação fez que eu o olhasse.
-Sim – Minha voz rouca e desafinada arranhou meus ouvidos. Havia
tanto tempo que não pronunciava uma palavra. Ele torceu a boca e arqueou uma
sobrancelha.
-Vamos para casa? Deixe para sonhar mais amanhã, querida. –
Inspirei uma grande quantidade de ar e balancei a cabeça em concordância. -Você esqueceu que tinha que me encontrar aqui?
-Vamos para casa – Disse engolindo a sua segunda pergunta.
Seus braços passaram em volta dos meus ombros.
Aconcheguei-me em seu peito, passando minha mão fria em sua cintura.Suspirei de alívio, já que amanhã eu poderei sonhar mais.
N. Blue
N/a Para a minha querida e doce Gaby. Meu chuculate, parabéns que a força esteja com você hoje sempre, assim como eu estarei por você.
Acídia: Estado da alma decorrente a contemplação profunda de si mesmo e do mundo. Abandonada a reflexão profunda, a alma indaga sobre o sentido das coisas, do ser e da existência. Tal consciência é tão terrível que o ser humano tende, até inconscientemente, fugir dela.
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