Visivelmente próxima

13/10/2013
   Sei que venho escrevendo muito sobre mim ultimamente,mas é inevitável quando se sente sozinho que se busque novas maneiras de se expressar. E a única maneira que eu consigo, a única maneira que eu realmente sei expressar meus sentimentos é escrevendo. E esse texto que seguirá provavelmente será um dos mais difíceis que eu já escrevi, porém necessito botar pra fora.

  Acho que nunca aprenderei a lidar com a brutal e natural morte. Minha vó e meu pai me disseram várias vezes que a única certeza da temos na vida é morreremos um dia,  apesar de saber o que eles falavam a verdade, até poucos meses atrás eu não havia compreendido a essência dessa frase.
  Não tinha entendido como a perda realmente criava um buraco no meio do meu corpo que nunca conseguiria preencher novamente. Esse maldito buraco lateja, doí, arde e não há remédio nenhum para minimizar a dor. Não há lágrimas que extravasem o sentimento de vazio que eu senti e ainda sinto. Minha mente não incorporara que depois de quase seis meses eu nunca ouvirei a mesma risada, voz, nunca verei a pele coberta de tatuagens e nem rirei quando ele contar uma piada. Ainda chego no mesmo lugar de sempre, eu sempre esperando o seu usual "Boa noite, banana". O problema é que ele não chega mais, não importa o quanto eu espere ele não vai chegar mais.
  Esse ano eu nunca senti a morte tão próxima.. Nunca em todos os meus anos de existência nunca a senti de modo tangível e aqui ela está. Tão perto e visível a ponto quase tocá-la. Talvez pelo fato dos meus pais me protegerem de forma tão protetora durante a minha infância não a senti, mas agora não tenho mais escudos, a bala dilacera meu peito como se fosse de um tiro à queima roupa.  
A querida morte fez visita a pessoas que eu nunca cogitei a esse ponto. Por motivos inimagináveis, os quais aumentam ainda mais a parcela de dor. A culpa aparece para fazer companhia e lembra de tudo o que eu poderia ter feito, e porque aquilo tudo poderia ter sido evitado se eu tivesse feito algo. Mas, eu não fiz. E não há volta. Não há segundas chances.
  O problema  disso tudo é que a gente acostuma, como tudo na vida. Eu me acostumei com o sentimento de vazio em relação a ele, assim como de todas as outras pessoas que eu perdi. O buraco se alastra enquanto eu não posso dizer adeus a quem se foi. Acordo todos os dias tentando ser a melhor para quem eu amo, porém muitas vezes esqueço. Esqueço que tudo pode acabar, que tudo é finito e que a única certeza que eu tenho na vida me espreita esperando o momento certo para me levar daqui.

N.

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