Descontrole temporal

28/11/2013



Eu sinto o tempo passar apressadamente, fora do meu controle. Vejo os segundos se esvaírem de minhas mãos como areia. Os dias passam e eu continuo a mesma. A vida estranhamente continua seu ciclo mudando constantemente enquanto eu novamente continuo a imutável. As estações passam os problemas me atingem, mas são incapazes de me mudar. Não entendo o motivo de continuar estável numa faixa constante em um gráfico que significa estabilização, mas estabilização de que? De meu corpo? Dos meus ideais? Da minha vida? Não, sinto em lhe dizer que minha vida continua em uma constante mudança enquanto há a greve dentro de mim.
  Engraçado como eu me sinto a mesma de quando eu era criança, mas sinto-me velha,desgastada e até mesmo usada.Sinto como se o tempo tivesse passado por mim e eu nem percebi. Eu fui/sou aquele marinheiro que estava em alto mar na hora do tsunami e ao retornar ao lugar de onde partira vê tudo mudado, diferente, arruinado. Vê tudo que ele tanto conquistou invadido pela água, vê o lugar que antes fora espaço de seus passos cotidianos afogado. O marinheiro  se vê sem rumo, perdido sem saber quem procurar e se procurar sem ter a real certeza de estar vivo.
  Tic,toc,tic,toc o tempo passa e paro pra pensar se somos mais um instrumento dele. Se fomos feitos para brincar com ele ou agir como se ele fosse mais uma consequência da vida, eu não sei. Será que devemos cotidianamente seguirmos o nosso papel na sociedade sabendo que um dia, de um modo ou de outro, o tempo parará de passar por nós? Ou devemos quebrar nossos limites, fazer memórias, realizar sonhos, falar aquilo que te corroí por dentro, sorrir,chorar, amar, odiar, ser feliz e infeliz, para que quando o tempo acabar você não vai lamentar por não ter um botão de restart.


Nana Barbosa

Nenhum comentário

 
Desenvolvido por Michelly Melo.